Orientações Gerais

Breve história da anestesiologia

Até 1840, o paciente submetido a uma cirurgia não tinha a sua disposição medicamentos para controlar sua dor. Era usado bebida alcoólica ou mesmo drogas, como o ópio, para tentar amenizar a sua percepção de dor.

Após essa data podemos dizer que vencemos a dor, graças principalmente ao trabalho de Willian Thomas Green Morton com o óxido nitroso, um gás que é usado até hoje na anestesiologia. Atualmente estamos em outro patamar no que diz respeito a qualidade da anestesia, graças ao avanço do conhecimento médico e ao desenvolvimento de novos fármacos e aparelhos para administração de anestésicos e monitorização das funções vitais.


É arriscado ser submetido a uma anestesia?

De acordo com a American Society of Anesthesiology (ASA) ocorre um óbito a cada 250 mil procedimentos. Para efeito comparativo viajar de avião possui risco de óbito de um a cada um milhão de passageiros transportados, e é considerado o meio de transporte mais seguro do mundo, depois do elevador.

Já o automóvel possui a taxa de óbito de 201 a cada um milhão de passageiros. Portanto o trajeto de carro percorrido até o hospital representou um risco de óbito maior do que o do procedimento anestésico.


Vou ver ou sentir algo?

Independente do tipo de anestesia o único incomodo que o paciente irá se recordar é da punção para ligar um soro. Por meio deste administramos os anestésicos. Na anestesia geral o paciente é submetido a um estado de inconsciência, portanto, além de não sentir, também não verá nada. Durante todo o procedimento cirúrgico é administrado anestésico continuamente por via inalatória ou pela veia.

A anestesia raquidiana anula sensação de dor e a capacidade de contrair os músculos do abdome até os pés. Contudo, ela por si só não tira a consciência. Para diminuir o desconforto da sensação da punção nas costas e garantir o conforto durante a cirurgia é administrado um sedativo pelo soro. Este sedativo pode ter três efeitos: diminuir a sensação de ansiedade, amnésia temporária e induzir o sono. Portanto, é normal a maior parte dos pacientes não se recordarem da anestesia raquidiana.


Por que preciso ficar em jejum para cirurgia?

O objetivo do jejum é evitar a broncoaspiração do conteúdo gástrico, ou seja, evitar que eventuais restos alimentares presentes no estômago sejam regurgitados e aspirados para os pulmões.

A ocorrência deste evento é de grande gravidade e foi denominado de Síndrome de Mendelson, em homenagem ao primeiro médico que a descreveu. Sua incidência varia muito entre os pacientes. Idosos, pacientes debilitados, gestantes, portadores de refluxo gastroesofágico, obesos e pacientes submetidos a cirurgia de urgência apresentam maior risco de aspiração. Além disso, dor, ansiedade, diabetes mellitus, insuficiência renal, depressão do nível de consciência, álcool e drogas (licitas e ilícitas) retardam o esvaziamento gástrico.

De acordo com estudo realizado na Clinica Mayo 27% dos pacientes que foram vitimas desta síndrome necessitaram de suporte ventilatório por mais de 24 horas. E a taxa de mortalidade foi de 12% entre os que aspiraram conteúdo gástrico. O tratamento é feito por meio de suporte ventilatório com oxigenoterapia, manutenção das vias aéreas e, nos piores casos, terapias de gestão da insuficiência respiratória aguda.

Para minimizar ao máximo estes riscos sugerimos seguir rigorosamente as orientações da tabela abaixo, que descreve o tempo de jejum adequado de acordo com a idade do paciente. Solicitamos que confira seu tempo de jejum. Caso seja menor que o exposto na tabela abaixo notifique a enfermeira!


IDADE SÓLIDO/LEITE (horas) LÍQUIDOS CLAROS OU SEM RESÍDUOS (horas)
0 a 6 meses 4 (leite materno) 2
6 a 36 meses 6 3
> 36 meses (inclui adultos) 8 3


OBS:
- Leite é considerado alimento sólido.
- O tempo de jejum para líquidos claros ou sem resíduos é válido para a ingestão de até no máximo 10mL/kg.
- Líquidos claros: água, suco de maçã, suco de laranja sem polpa, chá, café e refrigerantes.


Por que preciso ficar em jejum para tomografia e ressonância?

Quando um paciente precisa ser submetido a um exame sob anestesia deve seguir a mesma orientação de jejum descrita acima. Pois os riscos de aspiração são os mesmos, independente se a anestesia é para uma cirurgia ou para a realização de um exame complementar.

É importante lembrar que a ressonância magnética, utiliza um intenso campo magnético para gerar suas imagens. Por este motivo há algumas contra indicações absolutas a realização deste tipo de exame: pacientes portadores de marca-passo (de qualquer tipo: cerebral, diafragmático, cardíaco, etc) e presença de qualquer prótese metálica ferromagnética (susceptível a campo magnético).


Preciso parar de fumar antes da cirurgia?

Quando um paciente pára de fumar 2 dias antes da cirurgia, nota-se uma diminuição dos níveis de carboxihemoglobina no sangue melhorando o transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos do organismo, cessam os efeitos da nicotina sobre o sistema cardiovascular bem como a melhora da função ciliar do epitélio pulmonar. A recomendação, então, é parar de fumar o mais cedo possível!


Quais medicações devo continuar tomando e quais devo parar?

Poucos são os medicamentos que precisam ser suspensos antes da cirurgia. Os anti-hipertensivos, os antiarrítmicos, drogas para doenças pulmonares (asma, DPOC), medicações para a tireóide, os antibióticos, os quimioterápicos e os antidepressivos devem ser mantidos durante todo o procedimento cirúrgico.

Os hipoglicemiantes orais e a insulina devem ser interrompidos 1 dia antes. Os anticoagulantes (clopidogrel e marevan) e os antiagregantes plaquetários (AAS) devem ser suspensos 7 dias antes. Os inibidores da MAO devem ser suspensos 14 dias antes.

Caso o paciente faça uso de qualquer tipo de droga ilícita (cocaína, crack, maconha, anabolizantes) ou é portador de doença infecto-contagiosa deve comunicar a equipe médica, lembramos que essas informações são sigilosas e possuem proteção legal de privacidade.